Vinland Saga – O grande rival de Demon Slayer em 2019
Vinland Saga, é um rival à altura? Tá saindo meio atrasadinho, mas o importante é falar desse anime supimpa para vocês (salve pros jovens idosos que também usam essa expressão)!
Pois muito que bem, muitos já discordaram comigo pelo título e já pegaram seus forcados e tochas, mas já vos peço: sem clubismo. Títulos são feitos para serem chamativos e já garanto que aqui não vamos ficar comparando animes, afinal, ambos têm muitas qualidades diferentes para serem enaltecidas e fica a cargo dos gostos pessoais de cada um escolher o favorito.
Mas, é verdade que muito se falou sobre Vinland Saga ser de fato o melhor anime do ano de 2019, então vamos falar um pouco dessa obra complexa e inovadora e do porque ela mexeu tanto com os corações de nós otacos que a assistimos.
Já sabe, né? Vai ser sem spoiler, então pega sua cerveja sem álcool, afia a espada de borracha e vem comigo nessa expedição viking.
Quem faz acontecer
Vinland Saga é originalmente um mangá que vem sendo escrito e ilustrado por Makoto Yukimura há mais de 15 anos! Mais especificamente, desde abril de 2005. Atualmente, no Japão, o mangá é publicado pela revista mensal seinen Afternoon, sendo a editora Kodansha a responsável pelos volumes independentes da obra (os tankobons). Em terras tupiniquins, quem nos disponibiliza Vinland no nosso bom e velho português é a Panini e pode ser adquirido pelo site da Amazon com desconto clicando aqui.
O anime foi lançado na temporada de verão de 2019 e produzido pelo Wit, estúdio conhecido por sucessos como Shingeki no Kyojin, Mahou Tsukai no Yome e Koutetsu no Kabaneri. A adaptação contou com 24 episódios, tendo sido finalizada em dezembro de 2019. Você pode conferi-los pelo Amazon Prime, se quiser.
Até o momento desta publicação, não houveram confirmações de uma segunda temporada nem de outros projetos envolvendo Vinland Saga.
Vamos ao Enredo de Vinland Saga
Vinland Saga já nos surpreende com uma sinopse um tanto quanto diferente: nosso protagonista, o então pequeno Thorfinn, vê sua vida sair dos eixos quando seu pai, Thors, é assassinado covardemente a sangue frio diante de seus olhos por um grupo de mercenários. Desse momento em diante, a inocente criança dá lugar a um ser desesperado, movido pela vingança cega, que se torna seu único objetivo de vida.
A fim de derrotar o assassino de seu pai em uma luta justa (como acredita que este mesmo faria), Thorffin dedicará seus próximos anos vivendo junto do odiado bando viking a quem jurou vingança, tendo de ser como eles ao mesmo tempo em que os despreza.
Por que é tão bom?
Vamos naquele nosso esquema de tópicos para facilitar o entendimento:
1 – Porque é desafiador e realista
Talvez não tenha ficado tão claro o quanto esse enredo já começa desfiando nossas expectativas e valores. Veja bem, estamos falando de viver anos ao lado do inimigo, dividindo os mesmos espaços, lutando pelos mesmos objetivos, sendo subordinado e dependente dessas pessoas, enquanto se quer matá-las. E Thorfinn começa sua jornada sendo só uma criança desamparada, que não sabe nada da vida e não tem habilidade nem pra cortar um pão, imagina conseguir matar um guerreiro viking imoral e de alto nível numa luta justa de espadas.
Aí agora você pensa: mas, nos outros battle shonens isso fez total sentido, senhorita. Naruto, Goku, Ichigo, Midorya, Tanjiro e outros dezenas de protagonistas estão aí pra provar que devagar se vai ao longe e o bem sempre vence o mal, então o que pode haver de diferente aqui? E é aí que tá o pulo do gato, otaco.
Por anos fomos levados a acreditar que com talento e determinação se consegue tudo, até vencer os inimigos impossíveis, afinal o impossível seria só questão de opinião e só os loucos sabem. Essa é a famosa jornada do herói, repleta de desafios, mas bela enquanto processo e sempre gratificante no final.
Só que aqui não, galera. Aqui vamos ver o real significado de ser escravo de um objetivo, do quanto a determinação pode ter origens menos nobres, na estupidez, na teimosia e no egoísmo, e de que, às vezes, o melhor é apenas deixar para lá, porque nem sempre os sacrifícios retornam o mesmo valor de seu custo.
Sentiu o drama? Pois é, amigos. Aqui é onde o filho chora e a mãe não vê. Aqui é a realidade. Prepare-se para se identificar com heróis que falham tanto quanto seus inimigos e não necessariamente estão evoluindo como seres humanos. Apesar de ser uma jornada de herói, o que veremos aqui é uma jornada de estagnação, um processo de autodestruição de um personagem.
A mensagem, no fim das contas, é clara: todos vivem achando que escolhem seus destinos, mas são circunstâncias bem maiores que nós que definem o real curso dos eventos. Ser o herói de sua própria história não lhe garante o total controle sobre ela nem o êxito no final. Às vezes seus objetivos são somente infantis e o verdadeiro guerreiro é aquele que sabe quando não lutar.
2 – Todos os personagens são relevantes
Agora, vejam bem: até aqui eu só falei do drama central do protagonista, mas a história também apresenta vários personagens secundários (ou nem tanto assim), com conflitos igualmente interessantes e desafiadores, e com muito peso narrativo. Acho importante citar o maior de todos: Askeladd, aquele que, supostamente, é o grande vilão.
Esse personagem carrega o enredo nas costas e é daquele tipo que rouba o protagonismo para si de tão carismático e complexo. Para mim, seu auge se deu nos episódios finais, obviamente, onde pudemos ver claramente todo o seu potencial como um dos personagens mais realisticamente loucos e inteligentes dos animes, um personagem que permaneceu terrivelmente humano ao mesmo tempo em que já perdeu muito de sua humanidade também (fez sentido isso? Vê lá o anime e me fala se você concorda *risos*).
Depois também teremos Canuto, Thorkell, entre outros. Com todos esses personagens, haverá a oportunidade de refletir sobre muitas coisas, como o real significado do amor, o sentido de ser éticos em um mundo injusto de todas as formas, e também a dúvida: a real força de alguém reside em sua plena constância de valores ou em sua total resiliência?
O “arco” de Canuto (melhor dizendo: os episódios em que ele tem suas epifanias), foram muito impactantes para mim e me surpreendi muito com a profundidade do personagem, que poucos episódios antes era meio sem graça. Eu não me surpreenderia se nas próximas temporadas (que eu espero que aconteçam) houvessem mais reviravoltas como essa.
3 – As lutas não são apenas físicas
E como se já não bastasse um roteiro cheio de questionamentos e reviravoltas dramáticas, que dá tapas na sua cara de vez em sempre, ainda teremos uma ambientação violenta em essência. Pois é, se você precisa de pancadaria para se manter entretido, aqui tem bastante também, fique tranquilo, é viking maluco guerreando para todo lado e a sanguinolência é garantida.
As lutas são até que bem coreografadas e encaixadas na trama (apesar da animação não ser sempre aquele primor). Só que a pancadaria não será sempre gratuita, mas também refletirá a essência da história, ou seja, você não vai ser só instigado a assistir, mas obrigado a questionar. A violência aqui é retratada como o que é: serve apenas para subjugar os outros e ferir pessoas, tanto os que batem como os que apanham. Para provar valor ou honra? Não serve, não. Afinal contra quem lutamos, senão nós mesmos?
Agora, aqui também é importante fazer um adendo sobre as batalhas de Vinland Saga, principalmente para você que ainda não viu: sabe aquele botãozinho de suspensão de realidade? Deixe ele sempre ligado. Os vikings vão ser retratados como guerreiros sobre-humanos, com habilidades que beiram o ridículo. É gente arremessando mastro de navio, se movendo em velocidades impossíveis e sobrevivendo a umas surras bem épicas. Se você for capaz de relevar esses detalhes, vai imergir bem na história.
Se eu tivesse que citar algum ponto realmente fraco, diria que a animação é de fato mediana e isso, geralmente, significa alguns problemas para battle shonens, que pedem por uma maior fluidez de movimentos, mas aqui acho que ela cumpre o que precisa. Vai ser meio tortinha às vezes, mas nada demais, se você também relevar.
Curiosidades
Vocês sabiam que a Vinlândia (Vinland) realmente existiu? E não era nem um pouco perto do local onde a história do anime se passa em sua maior parte, uma terra conhecida como Danelaw, que era um território dinamarquês dentro da Inglaterra do século XI. O autor misturou um pouco os fatos e personalidades para criar seu enredo, mas mesmo assim manteve-se bem fiel à história, até.
O fato é que a real expedição viking que encontrou, entre outras terras, a Vinlândia (ou “Terra dos Prados/Vinhas”), por volta do ano 1000 d.C., representou o primeiro contato europeu na América, anos antes de Colombo ou Cabral sequer sonharem em pisar aqui!
Já os personagens, também existiam e estavam aprontando todas nessa época (aqui vão os principais):
- Thorfinn Karlsefni foi um explorador no ano 1010 d. C., que tentou colonizar a Vinlândia. Seu filho foi o primeiro menino europeu a nascer no Novo Mundo.
- Canuto e toda aquela linhagem real que vemos se digladiando pelo poder da coroa, também existiram. O príncipe se tornou rei (Canuto II) em 1018 e governou até 1035.
- Askeladd parece ter sido baseado em um personagem do folclore norueguês, o menino Askeladden, descrito como “um herói que tem êxito onde os outros falharam” (bem a cara do personagem, né?).
Vinland Saga vale a pena?
Se esse anime é melhor que X ou Y, eu não sei e não estou me esforçando para saber, mas uma coisa é certa: Você será uma pessoa melhor depois de assistir, já que esta não é apenas mais uma obra de ação, mas uma obra que questiona ações e isso, para mim, já eleva o nível do negócio nas alturas e se torna quase obrigatório conferir essa pérola de 2019.
E é isso, pessoal. Se você gostou do review, compartilhe com seus amigos! Se tiver sugestões ou críticas construtivas, nossa seção de comentários está sempre aberta.
Espero que gostem! Até a próxima!
Ótimo Review, Mari! Ficou demais!
Cara,esse anime e fenomenal,as aberturas e encerramentos são maravilhosos,além de personagens extremamente carismaticos…